Em nome do “valor pedagógico inalienável de toda construção do Projeto Político Pedagógico Participativo, documento potente e vivo de uma Unidade Escolar”, “da importância absoluta do horário coletivo, como momento necessário de organização da rotina pedagógica” e da premissa de que “as tarefas mais importantes de uma Unidade Escolar é (grifo nosso) a efetiva realização do HTPC com o maior número de educadores”, a Secretaria da Educação tem usado a estratégia de punir servidores que, independentemente de qualquer justificativa, chegam atrasados no HPTC.
Já no início do ano, muitos professores procuraram o Sindicato dos Funcionários Públicos de Diadema relatando que nos primeiros dias do ano letivo foram informados pelas Direções das Escolas que os atrasos passariam a ser computados como “faltas e que acarretariam o desconto de duas horas semanais de HTPC”, isso sem qualquer documento que oficialize, por parte da Secretaria de Educação, a orientação diferente dos procedimentos que até então vinham sendo adotados pela administração municipal para cômputo dos atrasos.
Mesmo na época de chuvas fortíssimas que assolaram Diadema, a região do ABC e toda a Grande São Paulo provocando alagamentos, trânsito, interrupção na circulação de transporte público, nem sequer atrasos de até dez minutos foram tolerados e os professores, mesmo garantindo presença durante 1h e 55 minutos do HTPC, ficaram com falta, tiveram desconto de 2 horas e perderam o direito ao abono-regência no mês.
Como se sente o professor que se arrisca a enfrentar o trânsito, a enchente, que coloca a própria vida em risco ao chegar atrasado 5 ou 10 minutos no horário do HTPC por questões que se colocam acima da sua “governabilidade” ou que estão acima de sua condição de escolha, e simplesmente todo seu esforço para chegar e participar do debate coletivo é ignorado, ou mais do que isso, ele recebe como “punição” castigo duplo: de participar e ainda ter descontado duas horas e ter perdido o direito ao abono-regência do mês?
Parece bastante motivadora a estratégia adotada pela Secretaria da Educação, bem “freiriana”, ao considerar o contexto da vida e a realidade em que os também atores e sujeitos do processo coletivo de construção do conhecimento estão inseridos!
Parabéns, aos envolvidos! Parabéns àquelas e àqueles que acreditam que o “valor pedagógico inalienável de toda construção do Projeto Político Pedagógico Participativo, documento potente e vivo de uma Unidade Escolar” se constrói com a negação e punição dos sujeitos deste processo, a negação de sua condição objetiva de vida num dado momento, com a violação de seus direitos, com a negação inclusive de sua condição e seu papel de participar do processo.
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